Manter a saúde felina é mais do que simplesmente alimentar o gato e garantir um espaço aconchegante. É fundamental compreender os riscos de doenças comuns em gatos domésticos e como preveni-las, assegurando uma vida longa e feliz para nossos felinos. Diferentemente de outros animais, os gatos possuem comportamentos peculiares e, muitas vezes, conseguem disfarçar sinais de desconforto ou doença, o que dificulta a percepção de que algo está errado.
Para ajudar tutores, criadores e apaixonados por felinos, este artigo é um verdadeiro manual sobre como prevenir doenças comuns em gatos domésticos, abordando desde doenças respiratórias até metabólicas, com orientações práticas para identificação de sintomas e tratamento de doenças comuns em gatos. Com essas informações, você poderá agir preventivamente para melhorar a saúde felina e, quando necessário, buscar ajuda veterinária de forma rápida e eficaz.
1. Doenças Respiratórias
Os problemas respiratórios estão entre as doenças comuns em gatos domésticos e podem afetar a saúde e o bem-estar do animal. Estes problemas, quando não tratados, podem se agravar e comprometer seriamente a qualidade de vida do gato. Vamos discutir as duas principais doenças respiratórias que afetam os gatos e como preveni-las.
Rinotraqueíte Felina
Causa: A rinotraqueíte felina é causada pelo Herpesvírus felino tipo 1 (FHV-1), um vírus altamente contagioso entre os gatos e que pode permanecer no corpo do animal mesmo após a recuperação dos sintomas. Segundo um estudo publicado na Journal of Feline Medicine and Surgery, cerca de 80% dos gatos infectados se tornam portadores crônicos, podendo manifestar a doença em situações de estresse.
Sintomas: Os principais sinais de rinotraqueíte incluem espirros frequentes, secreção nasal e ocular, febre e falta de apetite. Em casos mais graves, o gato pode desenvolver úlceras nos olhos, uma condição que requer tratamento especializado para evitar complicações permanentes.
Prevenção: A vacinação anual é a melhor forma de prevenção para garantir uma boa saúde felina. O vírus se propaga facilmente em ambientes fechados e com vários gatos, então manter uma boa higiene e isolar gatos infectados são essenciais para evitar a propagação e prevenir doenças comuns em gatos domésticos.
Tratamento: Não há cura definitiva para a rinotraqueíte, mas o tratamento visa controlar os sintomas e melhorar o bem-estar do gato. O uso de antivirais pode ser recomendado em casos graves, e cuidados paliativos, como manter os olhos limpos e proporcionar um ambiente calmo e livre de estresse, são essenciais para o tratamento.
Calicivirose Felina
Causa: Causada pelo Calicivírus felino, esta doença também é altamente contagiosa e afeta o sistema respiratório dos gatos. Em ambientes onde há falta de vacinação e alta densidade populacional, os surtos de calicivirose são frequentes, afetando gatos de todas as idades.
Sintomas: Os principais sintomas incluem úlceras na boca, febre, secreção nasal e ocular, além de dificuldades respiratórias. Alguns gatos também apresentam artrite transitória, o que pode levar à claudicação (dificuldade de caminhar).
Prevenção: A vacinação contra o Calicivírus faz parte das vacinas essenciais para manter a saúde felina e deve ser administrada anualmente. Manter o ambiente limpo e reduzir o contato com animais desconhecidos também ajuda a diminuir o risco de transmissão, promovendo uma forma eficaz de prevenir doenças comuns em gatos domésticos.
Tratamento: O tratamento visa aliviar os sintomas, incluindo o uso de medicamentos para dor e infecções secundárias. Proporcionar um espaço confortável e úmido ajuda a aliviar a respiração e é essencial manter a hidratação do gato durante o período de recuperação. Esse cuidado melhora a saúde felina e auxilia na recuperação.


2. Doenças Virais Sistêmicas
As doenças virais sistêmicas representam um risco significativo para a saúde felina, afetando o sistema imunológico e tornando os gatos vulneráveis a infecções secundárias. Essas doenças podem ser transmitidas de um gato para outro, principalmente em situações de contato direto e em ambientes com alta densidade de animais. Vamos explorar duas das principais doenças virais que afetam os gatos.
Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV)
Causa: Conhecido popularmente como “AIDS felina”, o FIV é um lentivírus que ataca o sistema imunológico dos gatos de maneira semelhante ao HIV em humanos. Gatos infectados podem levar anos para mostrar sinais da doença, mas, uma vez que o vírus está ativo, ele compromete seriamente a capacidade do gato de combater infecções.
Sintomas: O FIV enfraquece o sistema imunológico, tornando os gatos suscetíveis a infecções que normalmente não os afetariam. Os sintomas incluem perda de peso, febre persistente, gengivite, conjuntivite e infecções da pele e do trato urinário. Além disso, podem ocorrer alterações comportamentais e neurológicas em estágios avançados da doença.
Prevenção: Atualmente, não há vacina disponível contra o FIV no Brasil. Portanto, a prevenção baseia-se principalmente em evitar situações que coloquem o gato em risco. A doença é frequentemente transmitida por meio de mordidas, então gatos que vivem em grupos ou têm acesso à rua estão em maior risco. A castração e o controle rigoroso do acesso a ambientes externos são medidas preventivas importantes. Além disso, testar novos gatos antes de introduzi-los em um ambiente com outros felinos ajuda a prevenir a disseminação do vírus.
Tratamento: Não existe cura para o FIV, e o tratamento consiste no manejo dos sintomas e na prevenção de infecções secundárias. Gatos FIV-positivos podem ter uma boa qualidade de vida com cuidados adequados, incluindo nutrição balanceada, monitoramento veterinário frequente e ambientes livres de estresse. O uso de medicamentos antivirais, como a zidovudina (AZT), pode ser considerado em alguns casos para reduzir a carga viral e melhorar a qualidade de vida do animal.
Vírus da Leucemia Felina (FeLV)
Causa: O FeLV é um retrovírus que pode causar uma série de problemas de saúde, incluindo imunossupressão, anemia e linfomas. O FeLV é uma das principais causas de morte em gatos jovens e adultos, sendo transmitido através de saliva, secreções nasais e, em alguns casos, pelo leite materno. A transmissão pode ocorrer por meio de lambeduras mútuas, compartilhamento de tigelas de comida e água, e uso comum de caixas de areia.
Sintomas: Em seus estágios iniciais, o FeLV pode não apresentar sintomas, mas, conforme avança, o gato pode mostrar sinais de fraqueza, perda de apetite, febre, gengivite e problemas digestivos. Além disso, podem ocorrer infecções secundárias frequentes devido à imunossupressão, bem como doenças hematológicas, como anemia não regenerativa.
Prevenção: Existe uma vacina contra o FeLV, que é altamente recomendada para gatos que vivem em contato com outros felinos ou que têm acesso à rua. A vacinação deve ser precedida por um teste para verificar se o gato já é portador do vírus, pois vacinar um animal já infectado não é eficaz. Além disso, evitar o contato com gatos FeLV-positivos é fundamental para prevenir a infecção. Manter os gatos dentro de casa e evitar o acesso à rua também são medidas preventivas eficazes.
Tratamento: Como não existe cura, o tratamento se concentra no manejo dos sintomas e na prevenção de infecções secundárias. Em alguns casos, terapias com medicamentos antivirais e quimioterapia para linfomas podem ser aplicadas. Gatos infectados precisam de monitoramento frequente e um ambiente limpo e seguro. O uso de interferon-omega recombinante felino tem mostrado benefícios em alguns casos, ajudando a melhorar a qualidade de vida dos gatos infectados.


3. Doenças Parasitárias
As doenças parasitárias são frequentes em gatos domésticos e, em muitos casos, podem ser evitadas com medidas simples de prevenção. Os parasitas podem ser internos, como protozoários, ou externos, como pulgas e carrapatos. A seguir, detalhamos duas das principais doenças parasitárias que afetam os gatos, destacando seus sintomas, tratamentos e formas de prevenção para manter a saúde felina.
Toxoplasmose
Causa: A toxoplasmose é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que pode infectar uma ampla gama de mamíferos, incluindo humanos. Os gatos são os hospedeiros definitivos, ou seja, o parasita completa seu ciclo de vida no intestino dos felinos, liberando oocistos nas fezes. A infecção ocorre quando os gatos ingerem carne crua ou mal cozida, ou caçam e consomem presas infectadas.
Sintomas: Muitos gatos infectados são assintomáticos, mas aqueles com o sistema imunológico comprometido podem apresentar febre, letargia, perda de apetite e sintomas neurológicos, como convulsões ou desorientação. Em humanos, a toxoplasmose é uma preocupação principalmente para grávidas, pois pode causar complicações no desenvolvimento do feto.
Prevenção: Para evitar a toxoplasmose e promover a saúde felina, recomenda-se limpar diariamente a caixa de areia do gato, pois os oocistos tornam-se infecciosos após 1 a 5 dias. Além disso, evitar alimentar o animal com carne crua ou mal cozida e impedir que o gato cace são medidas eficazes. Gatos que vivem exclusivamente dentro de casa e têm uma dieta equilibrada têm menos chances de contrair o parasita.
Tratamento: Quando sintomas estão presentes, antibióticos específicos, como a clindamicina, são usados para tratar a infecção. O tratamento deve sempre ser supervisionado por um veterinário, especialmente em gatos com o sistema imunológico comprometido. É importante seguir rigorosamente as orientações do profissional para garantir a eficácia do tratamento e a recuperação do animal.
Giardíase
Causa: A giardíase é causada pelo protozoário Giardia duodenalis, que infecta o intestino dos gatos, levando a problemas gastrointestinais. A infecção ocorre geralmente por meio de ingestão de água ou alimentos contaminados com cistos do parasita, ou pelo contato com fezes de animais infectados.
Sintomas: Os sintomas incluem diarreia (muitas vezes intermitente), fezes com mau odor, perda de peso, apatia e, em casos mais graves, desidratação. Gatos filhotes e com sistema imunológico debilitado são mais vulneráveis e podem apresentar sintomas mais severos.
Prevenção: A prevenção da giardíase inclui oferecer água limpa e de qualidade ao gato, manter boas práticas de higiene, especialmente em locais com vários felinos, e evitar que o gato tenha acesso a ambientes contaminados. Limpar regularmente as caixas de areia e desinfetar o ambiente com produtos adequados ajudam a reduzir o risco de infecção e a manter a saúde felina.
Tratamento: O tratamento envolve medicamentos antiparasitários específicos, como o metronidazol ou o fenbendazol, prescritos pelo veterinário. Manter o ambiente limpo e desinfetado também ajuda a prevenir reinfecções. É essencial seguir as orientações do veterinário quanto à dosagem e duração do tratamento para garantir a eliminação completa do parasita e a recuperação do animal.


4. Doenças Bacterianas
As infecções bacterianas podem comprometer seriamente a saúde felina, especialmente quando o sistema imunológico está debilitado. Algumas dessas infecções são facilmente tratáveis, enquanto outras requerem cuidados específicos e acompanhamento veterinário. A seguir, abordaremos duas das principais doenças bacterianas que afetam os gatos, destacando seus sintomas, tratamentos e formas de prevenção para manter a saúde felina.
Clamidiose Felina
Causa: A clamidiose felina é causada pela bactéria Chlamydophila felis, que afeta principalmente os olhos e o sistema respiratório dos gatos. A transmissão ocorre por contato direto ou indireto com secreções de gatos infectados, como secreções oculares e nasais. Ambientes com alta densidade populacional, como abrigos e gatis, são mais propensos à disseminação da doença.
Sintomas: Os principais sintomas incluem conjuntivite, caracterizada por olhos vermelhos e lacrimejantes, secreção ocular e espirros. Em alguns casos, a infecção pode evoluir para uma condição respiratória mais grave, com sintomas como tosse e dificuldade respiratória. Gatos jovens são particularmente suscetíveis à infecção.
Prevenção: A vacinação contra a clamidiose é recomendada, especialmente para gatos que vivem em grupos ou em ambientes com alta rotatividade de animais. Além disso, manter uma boa higiene ambiental e evitar o contato com gatos infectados são medidas eficazes para prevenir a doença.
Tratamento: O tratamento geralmente inclui o uso de antibióticos específicos, como a doxiciclina, para combater a infecção. Limpar regularmente os olhos do gato e mantê-lo em um ambiente limpo e isolado ajuda na recuperação. É importante seguir as orientações do veterinário quanto à dosagem e duração do tratamento para garantir a eficácia e evitar recaídas.
Bartonelose (Doença da Arranhadura do Gato)
Causa: A bartonelose, ou doença da arranhadura do gato, é causada pela bactéria Bartonella henselae, transmitida principalmente por pulgas. Embora os gatos geralmente não apresentem sintomas, a doença pode ser transmitida para humanos, especialmente por meio de arranhões ou mordidas de gatos infectados. Em humanos, a infecção pode causar linfonodos inchados, febre e, em casos graves, sintomas neurológicos.
Sintomas: Nos gatos, os sintomas são raros e geralmente leves, podendo incluir febre passageira, letargia e perda de apetite. Em humanos, a doença pode causar linfonodos inchados, febre, fadiga e, em casos graves, sintomas neurológicos. Pessoas imunocomprometidas estão em maior risco de desenvolver complicações.
Prevenção: A melhor forma de prevenir a bartonelose é controlar as pulgas nos gatos, pois elas são as principais vetoras da bactéria. Utilizar produtos antipulgas regularmente e manter o ambiente limpo são medidas eficazes. Além disso, evitar arranhões e mordidas de gatos, especialmente em pessoas com sistema imunológico comprometido, é importante para prevenir a transmissão para humanos.
Tratamento: Em casos de infecção bacteriana, o tratamento para gatos inclui antibióticos específicos, como a doxiciclina ou a enrofloxacina, conforme prescrição veterinária. Para humanos, o tratamento é igualmente com antibióticos, dependendo da gravidade dos sintomas. É essencial procurar orientação médica ao primeiro sinal de infecção para iniciar o tratamento adequado e evitar complicações.


5. Doenças Fúngicas
As infecções fúngicas, embora menos comuns que as bacterianas ou virais, podem comprometer a pele e o bem-estar dos gatos, especialmente quando a imunidade do animal está reduzida. A principal infecção fúngica que afeta os felinos é a dermatofitose, também conhecida como micose.
Dermatofitose (Micose)
Causa: A dermatofitose é causada por fungos dermatófitos, como Microsporum canis e Trichophyton mentagrophytes, que se proliferam em ambientes úmidos e quentes. Esses fungos podem infectar tanto animais quanto humanos, sendo altamente contagiosos. A transmissão ocorre por contato direto com animais infectados ou indiretamente através de objetos contaminados, como escovas, camas e brinquedos.
Sintomas: O sintoma mais comum é o surgimento de lesões circulares na pele, com queda de pelos, prurido (coceira) e, em alguns casos, vermelhidão. Essas lesões podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas são mais frequentes na cabeça, nas patas e na cauda. Em casos mais graves, pode haver formação de crostas e descamação da pele. Gatos jovens, idosos ou com sistema imunológico comprometido são mais suscetíveis à infecção.
Prevenção: A prevenção inclui evitar o contato com animais infectados e manter o ambiente do gato limpo e seco. Em casos de suspeita de micose, é importante desinfetar superfícies e trocar frequentemente a cama do animal. Além disso, manter uma boa higiene, escovar regularmente a pelagem do gato e evitar a exposição a ambientes contaminados são medidas eficazes para prevenir a infecção.
Tratamento: O tratamento envolve o uso de antifúngicos tópicos e, em casos mais graves, medicamentos sistêmicos. Banhos com shampoos antifúngicos podem ser recomendados pelo veterinário. Como a micose pode ser transmitida para humanos, é importante que os tutores usem luvas ao manusear gatos infectados e mantenham uma boa higiene pessoal. O tratamento deve ser seguido conforme orientação veterinária, e é essencial continuar até a completa eliminação do fungo, mesmo que os sintomas desapareçam antes.


6. Doenças Metabólicas
As doenças metabólicas afetam o funcionamento do metabolismo dos gatos e exigem monitoramento constante para manter a saúde felina. Entre as mais comuns estão o diabetes mellitus e o hipertireoidismo.
Diabetes Mellitus
Causa: O diabetes mellitus é uma condição em que o corpo do gato não consegue produzir ou utilizar insulina adequadamente, resultando em níveis elevados de glicose no sangue. Gatos obesos e de meia-idade ou mais velhos são mais propensos a desenvolver diabetes. A obesidade é um fator de risco significativo, pois pode levar à resistência à insulina.
Sintomas: Os sintomas incluem aumento da sede (polidipsia) e da urina (poliúria), perda de peso, apetite aumentado (polifagia) e, em alguns casos, letargia. A diabetes pode levar a complicações graves, como cetoacidose diabética, que requer tratamento emergencial.
Prevenção: Manter o peso adequado do gato, com uma dieta equilibrada e exercícios físicos, é a melhor forma de prevenir o diabetes. Dietas ricas em proteínas e com baixo teor de carboidratos são recomendadas. A prevenção da obesidade é crucial, pois estudos mostram que entre 17% e 52% dos gatos são ou foram obesos, aumentando o risco de diabetes.
Tratamento: O tratamento envolve a administração de insulina e o monitoramento regular dos níveis de glicose no sangue. Dietas específicas para gatos diabéticos, com teor controlado de carboidratos, ajudam a controlar os níveis de glicose no sangue após as refeições, facilitando o controle da glicemia.
Hipertireoidismo
Causa: O hipertireoidismo é uma condição em que a glândula tireoide produz hormônios em excesso, acelerando o metabolismo do gato. Essa doença é comum em gatos idosos e pode ter causas ambientais e alimentares. A patogenia ainda não está bem definida, mas fatores como imunoglobulinas, iodo na dieta e toxinas bociogênicas podem influenciar.
Sintomas: Os sintomas incluem perda de peso, aumento do apetite, hiperatividade e, em alguns casos, aumento da sede e da urina. Gatos com hipertireoidismo também podem apresentar um aumento perceptível na glândula tireoide (pescoço). A apresentação clínica clássica inclui taquicardia, hiperatividade, emaciação progressiva, polifagia, diarreia, êmese, poliúria e polidipsia.
Prevenção: Não há uma prevenção direta, mas uma dieta balanceada e visitas veterinárias regulares ajudam a detectar a doença precocemente. Manter uma alimentação adequada e monitorar a saúde do gato são medidas importantes para identificar sinais iniciais da doença.
Tratamento: O tratamento pode envolver medicamentos que regulam a produção de hormônios, terapia com iodo radioativo ou, em casos específicos, cirurgia para remoção da glândula tireoide. Cada caso deve ser analisado individualmente para definir o melhor tratamento. Medicamentos antitireoidianos são utilizados com o objetivo de inibir a produção de hormônios tireoidianos.


7. Doenças Renais
Problemas renais são comuns em gatos, especialmente à medida que envelhecem. A doença renal crônica (DRC) é uma das condições mais frequentes em felinos idosos, e o tratamento adequado pode prolongar e melhorar a qualidade de vida do animal.
Doença Renal Crônica
Causa: A DRC é caracterizada pela perda gradual e irreversível da função dos rins, que se tornam incapazes de filtrar as toxinas do sangue de forma eficiente. As causas exatas nem sempre são conhecidas, mas fatores como idade avançada, predisposição genética, infecções renais anteriores, hipertensão e exposição a substâncias tóxicas podem contribuir para o desenvolvimento da doença. Estudos indicam que a DRC afeta cerca de 1,6% a 20% dos gatos, sendo mais prevalente em felinos com mais de 12 anos de idade.
Sintomas: Os sinais clínicos da DRC podem ser sutis nos estágios iniciais e incluem aumento da sede (polidipsia) e da urina (poliúria), perda de apetite, vômitos, perda de peso, mau hálito e desidratação. Em estágios avançados, o gato pode se tornar letárgico, apresentar úlceras orais e sintomas neurológicos devido ao acúmulo de toxinas no organismo. É importante notar que muitos gatos não apresentam sintomas até que 75% da função renal já esteja comprometida.
Prevenção: Embora a prevenção completa da DRC seja difícil, medidas podem ser adotadas para reduzir o risco e detectar a doença precocemente. Manter uma dieta equilibrada e de alta qualidade, incentivar a ingestão adequada de água e realizar check-ups veterinários regulares são essenciais. A inclusão de alimentos úmidos na dieta pode aumentar a ingestão de líquidos, auxiliando na saúde renal. Além disso, monitorar a pressão arterial e evitar a exposição a substâncias nefrotóxicas são práticas recomendadas.
Tratamento: O manejo da DRC visa controlar os sintomas e retardar a progressão da doença. Isso inclui a administração de uma dieta terapêutica com restrição de fósforo e proteínas de alta qualidade, fluidoterapia para manter a hidratação, controle da pressão arterial e uso de medicamentos para aliviar sintomas específicos, como antieméticos para náuseas e estimulantes de apetite. Suplementos nutricionais e terapias adicionais podem ser indicados conforme a necessidade individual do gato. O acompanhamento veterinário regular é crucial para ajustar o tratamento conforme a evolução da doença e garantir a melhor qualidade de vida possível para o animal.


8. Doenças Dentárias
As doenças dentárias são comuns em gatos e, se não tratadas, podem levar a complicações sérias, como infecções sistêmicas. A doença periodontal é a condição dentária mais frequente em felinos e afeta principalmente gatos mais velhos.
Doença Periodontal
Causa: A doença periodontal é causada pelo acúmulo de placa bacteriana nos dentes, que leva à inflamação das gengivas (gengivite) e, eventualmente, à destruição dos tecidos de suporte dos dentes, resultando na perda dentária se não tratada. Fatores como dieta inadequada, falta de higiene bucal e predisposição genética podem aumentar o risco de desenvolvimento dessa condição. Estudos indicam que a doença periodontal é a afecção mais comum na cavidade bucal de cães e gatos, afetando de 80% a 90% dos animais.
Sintomas: Os sinais clínicos incluem mau hálito persistente, gengivas inflamadas e vermelhas, acúmulo de tártaro nos dentes, salivação excessiva, dificuldade ou relutância para comer, perda de peso e, em casos avançados, perda dos dentes. Infecções orais podem se espalhar para outros órgãos, como coração, fígado e rins, agravando o quadro clínico do animal.
Prevenção: A prevenção é fundamental para manter a saúde bucal dos gatos. Medidas eficazes incluem a escovação regular dos dentes com produtos específicos para felinos, oferecimento de alimentos secos que auxiliam na remoção mecânica da placa bacteriana e uso de brinquedos mastigáveis apropriados. Além disso, o acompanhamento veterinário é importante para realizar limpezas periódicas e avaliações odontológicas. A escovação diária dos dentes é o método mais eficaz para remover a placa bacteriana e manter a saúde clínica do animal.
Tratamento: Em casos leves, a limpeza profissional dos dentes (profilaxia dentária) pode resolver o problema. Nos casos mais graves, pode ser necessário extrair dentes comprometidos e tratar infecções com antibióticos específicos. O acompanhamento veterinário é essencial para monitorar a evolução do tratamento e prevenir recidivas. A melhor forma de prevenir essa afecção é utilizar alimentos, brinquedos e cremes dentais específicos, todavia a escovação diária dos dentes é o método mais eficaz para remover a placa bacteriana e manter a saúde clínica do animal.


Garantir a saúde felina vai além dos cuidados básicos; requer atenção especial às doenças que podem afetar os gatos ao longo da vida. Compreender os sintomas e tratamentos de doenças comuns em gatos permite que tutores, criadores e amantes de felinos ajam preventivamente, melhorando a qualidade de vida de seus companheiros.
A prevenção é a chave para evitar doenças comuns em gatos domésticos. Manter uma rotina de check-ups veterinários regulares é essencial para a detecção precoce de possíveis problemas de saúde. Além disso, oferecer uma dieta equilibrada e adequada às necessidades nutricionais do seu gato contribui significativamente para o bem-estar geral. Manter o ambiente limpo e seguro também é fundamental para prevenir infecções e outras condições de saúde.
Ao adotar essas práticas, você estará proporcionando uma vida longa e saudável ao seu amigo felino, assegurando que ele desfrute de bem-estar e felicidade ao seu lado.
Aviso Legal
Este artigo tem propósito exclusivamente informativo e visa fornecer orientações gerais sobre a saúde felina. As informações aqui apresentadas não substituem a consulta, diagnóstico ou tratamento realizado por um profissional veterinário qualificado. Cada gato é único, e somente um veterinário pode avaliar as condições de saúde específicas do seu animal e indicar o tratamento adequado. Em caso de suspeita de doença ou qualquer alteração no comportamento do seu gato, procure um veterinário imediatamente para uma avaliação profissional.
Referências
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